40% da população mundial não tem acesso seguro à água potável

A ONU estima que, atualmente, cerca de 40% da população mundial não tem acesso seguro à água potável. O número cresce quando falamos sobre os sistemas de tratamento fluvial e de esgoto: mais da metade do mundo não tem serviços de saneamento eficientes. São, respectivamente, cerca de 2,2 bilhões e 4,2 bilhões de pessoas no mundo sem essas infraestruturas.

Mas as coisas eram ainda piores no início deste século. O relatório da ONU, que citamos no início deste texto, também revela que desde o ano 2000, cerca de 1,8 bilhão de pessoas ganharam acesso a serviços básicos de água potável. Porém, apesar do progresso, “o mero acesso não é suficiente”. Este foi o apelo da diretora associada do Unicef para esta área, Kelly Ann Naylor. A preocupação ocorre porque, muitas vezes, quando existe água, ela é imprópria para consumo. E muitas vezes existem banheiros, mas são insuficientes e inseguros.

Há grandes desigualdades na acessibilidade, disponibilidade e qualidade desses serviços. Por exemplo, o estudo estima que 8 em cada 10 pessoas que vivem em zonas rurais não têm acesso ao saneamento básico. Em cerca de 25% dos países a cobertura de serviços essenciais entre os mais ricos é pelo menos duas vezes maior do que entre os mais pobres.

No Brasil, a situação não é muito diferente: 16% das pessoas não têm água tratada e 47% não têm acesso à rede de esgoto, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgados em 2020 e referentes a 2018. São 35 milhões de brasileiros sem recursos hídricos seguros, e 100 milhões precisando usar medidas alternativas para lidar com os dejetos. Os números também têm melhorado ao longo dos anos, mas de forma lenta. Em 2011, 17,6% da população não tinha água tratada, e mais da metade dos brasileiros, o equivalente a 51,9%, não tinha acesso à rede de coleta de esgoto.

 

Água, saneamento e saúde pública

Segundo dados do Instituto Trata Brasil, cada R$1,00 investido em saneamento acaba gerando R$4,00 de economia na saúde. Ou seja, ações de saneamento têm influência direta na prevenção de doenças. O contato com esgoto e o consumo de água sem tratamento também está ligado à altas taxas de mortalidade infantil. A principal causa são doenças como parasitoses, diarréias, febre tifóide e leptospirose. O estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil averiguou que municípios com esgotamento inadequado têm também as maiores taxas de hospitalização por diarréia, e crianças consistem em mais de 50% das internações.

A relação entre saúde pública e o tratamento de água e esgoto é tão intrínseca que, no Brasil, a vigilância e o controle sobre a qualidade da água são atribuições do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Por isso, se os países membros das Nações Unidas conseguirem cumprir as metas propostas pelo ODS 6 da ONU – Água Potável e Saneamento, também estarão dando um grande passo para a promoção da Saúde e do Bem-estar da população mundial. Confira quais são as metas até 2030:

  • Alcançar o acesso universal e equitativo à água potável e segura para todos.
  • Alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade.
  • Melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente.
  • Aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água.
  • Implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme apropriado.
  • Proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo montanhas, florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos.
  • Ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento em atividades e programas relacionados à água e saneamento, incluindo a coleta de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reuso.
  • Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do saneamento.

 

Crédito: Universidade Federal de Minas Gerais

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