Estudo do Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria, faz um raio-x da evolução recente do saneamento no Estado e projeta impactos econômicos futuros com a expansão dos serviços de água e esgoto para cerca de 6,5 milhões de gaúchos. Cada R$ 1 investido em saneamento nas 317 cidades gaúchas, que compõem a área de atendimento da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), gera R$ 4,80 em ganhos sociais para a população (saúde, qualidade de vida e benefícios socioeconômicos diversos), um retorno bem acima da média nacional (R$1,27 média realizada até 2021; R$ 4,40 média projetada até 2040).
O cálculo foi feito pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria, que projetou o impacto econômico da universalização do saneamento básico, na região, até 2033: R$ 40,7 bilhões, sendo R$ 19,79 bilhões em benefícios diretos e cerca de R$ 20,98 bilhões devido à redução de perdas associadas às externalidades (como internações, redução da produtividade no trabalho, aumento das despesas das famílias, entre outras).
Os custos sociais, no período, devem somar aproximadamente R$ 12,84 bilhões, o que significa que os benefícios devem exceder os custos em quase R$ 27,93 bilhões. Os ganhos serão distribuídos em todas as 10 regiões de atuação da Corsan, como estão organizados os 317 municípios, nas seguintes proporções: região Metropolitana (15,4%: R$ 4,75 bilhões); região Nordeste (14,8%: R$ 4,52 bilhões); região dos Sinos (14%: R$ 4,27 bilhões); Planalto (13,3%: R$ 4,09 bilhões); Missões (12,2%: R$ 3,74 bilhões); região Central (10,6%: R$ 3,25 bilhões); região Sul (8,3%: R$ 2,55 bilhões); Litoral (5,9%: R$ 1,77 bilhão); Pampa (3,3%: R$ 1,03 bilhão) e Fronteira (2,2%: R$ 670,7 milhões).
O legado da universalização do saneamento básico no Rio Grande do Sul representará um impulso especial ao desenvolvimento do turismo em 29 cidades com forte vocação e alta intensidade de atividades do setor. O município de Gramado, um dos destinos mais visitados do país por brasileiros e estrangeiros, tem cerca de 31,4% da força de trabalho voltada para o setor de viagens e, com a expansão dos serviços de água e esgoto, deve contabilizar ganhos de R$ 24,3 milhões. Já Bento Gonçalves, referência em enoturismo na Região da Uva e Vinho, deve capitalizar R$ 82,2 milhões, enquanto Cambará do Sul, conhecida pelos cânions do Parque Nacional da Serra Geral – na divisa com Santa Catarina –, deve se beneficiar com R$ 7,2 milhões; Capão da Canoa, uma das praias mais movimentadas do litoral, deve gerar R$ 7,2 milhões; e São Miguel das Missões, centro da epopeia missioneira, deve ser impactada por aproximadamente R$ 8,5 milhões.
Para Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, a despoluição dos mananciais, rios, córregos e lagos da região, com ganhos ambientais, será também um grande legado da universalização do saneamento no Rio Grande do Sul. “No estado do Rio Grande do Sul são despejados, por dia, cerca de 445 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento nos rios e mares da região. Essa é uma situação que precisa ser enfrentada. Os benefícios econômicos e sociais da universalização do saneamento no estado representam redução de custos com saúde, ganhos ambientais e com turismo e melhor possibilidade de geração de renda e desenvolvimento para o estado”, avalia.