Na COP 30, o saneamento básico será elevado ao patamar de tema estratégico ligado às mudanças climáticas, e não mais tratado apenas como questão de infraestrutura urbana. A agenda prevê a inserção dos serviços de água, coleta e tratamento de esgoto, drenagem pluvial e resíduos sólidos no contexto de adaptação e mitigação — reconhecendo que a falta de saneamento agrava perigos como doenças, enchentes, contaminação de rios e emissões indiretas de gases de efeito estufa. Esse enfoque mais amplo já aparece nas discussões preparatórias do setor, com iniciativas como a plataforma “Todos pelo Saneamento”, que reúne atores públicos, privados e da sociedade civil para apresentar à COP propostas concretas ligadas à água, ao esgoto e ao clima.
A cidade-sede, Belém, no estado do Pará, enfrenta desafios históricos e relevantes para esse debate. Por exemplo, apenas cerca de 19% da população da capital contava com coleta de esgoto antes das mobilizações para a conferência. Nesse sentido, a COP 30 servirá tanto como fórum internacional quanto como palco para testes e intensificação de obras. Os governos local e federal mobilizaram investimentos de mais de R$ 1 bilhão para intervenções de saneamento até a conferência, o que evidencia o caráter simbólico e prático que o tema assume nessa edição.
Além das obras físicas e da discussão técnica, haverá um destaque para metas, governança, participação social e monitoramento no setor. No âmbito indígena e de comunidades tradicionais, por exemplo, a reunião da Fundação Nacional de Saúde e outros órgãos já colocou o saneamento como tema central para inclusão das populações vulneráveis no processo climático. Também se levantam questões de controle externo da política pública de saneamento: como assegurar que os investimentos sejam eficazes, transparentes e atinjam as populações mais excluídas, com indicadores claros de resultados.
Finalmente, tratar saneamento básico na COP 30 implica reconhecer que universalizar água e esgoto não é apenas melhorar serviços: é uma peça-chave para justiça climática, saúde pública, recuperação ambiental e resiliência urbana. A conferência será uma oportunidade para que o Brasil e os parceiros internacionais assumam compromissos concretos — com prazos, recursos e mecanismos de acompanhamento — para que a meta de universalização do saneamento no país, e em regiões vulneráveis, avance de fato. Nesse sentido, o setor espera que as propostas discutidas em Belém resultem em políticas transformadoras que façam a diferença para o povo brasileiro


